Preparação Desportiva em Voleibol - II
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- 27 de abr. de 2020
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Periodização e Controlo do Treino

Por vezes os treinadores preocupam-se tanto em criar determinados exercícios, com muito material envolvido, que acabam por se esquecer do mais importante: qual é o objetivo do treino? Em que fase do seu planeamento é que se encontram?
Periodização e Programação
Segundo Matvéiev (1990), a forma desportiva está intimamente ligada à periodização do treino. Como tal, distingue três períodos no processo de treino: período preparatório, período competitivo e período de transição.
No Voleibol, o período preparatório é relativamente reduzido, resumindo-se a quatro ou cinco semanas, salvo raras excepções. O período competitivo é já muito mais alargado e embora se caracterize como tendo algumas interrupções, estas tendem a ser substituídas, cada vez mais, por torneios temáticos não-oficiais, de modo a criar mais oportunidades de competição. O período de transição, por sua vez, também é reduzido, sendo prioridade minimizar a transição passiva.
Há quem defenda que na pré-época deve investir-se no volume e não na intensidade. Ora, se o Voleibol é um desporto de intensidade, o volume não deveria ser prioridade. O que se deve ter em conta é a intensidade acumulada, pois é importante para determinar a direção do treino. Por isso, a corrida contínua, que continua a ser realizada em excesso no voleibol português, não traz benefícios ao rendimento (alguns treinadores defendem que a reprodução do jogo só deve ser feita no último treino da semana. Porquê?!).
Resumindo, os períodos de treino devem ser específicos e devem privilegiar a intensidade e a competição constantemente, sobretudo as equipas que treinam poucas vezes por semana.
Controlo do Treino
O controlo de treino torna-se essencial para a gestão e manutenção do caráter intelectual, funcional e afetivo dos jogadores.
Proença (1985) defende que na orientação do processo de treino, os conhecimentos do treinador de nada servem se este não tiver em consideração o estado passado e atual do atleta.
O controlo de treino pode ser objetivo, isto é, há uma recolha de dados específica que determina o rendimento, não havendo muita margem de erro, ou subjetivo, que se trata de uma avaliação mais ou menos momentânea daquilo que é observado no decorrer dos exercícios/jogos. No entanto, Proença (1985) também refere que este último tipo de controlo pode ser mal realizado, pois requer uma leitura muito perspicaz do bom treinador, que trará à avaliação um grau de objetividade necessário.
Os chamados dados subjetivos são, para quem sabe decifrá-los e explicá-los, tão perfeitamente objetivos como os demais.
Ujtomsky, cit. por Meinel (1977)
No Voleibol português, devido à reduzida quantidade de treinos semanais e à reduzida duração dos mesmos (sobretudo nos escalões de formação) para a realização de um controlo objetivo, adota-se o controlo subjetivo, até porque os fatores extra-treino podem influenciar alguns resultados.
As formas de controlo de treino podem também diferir de acordo com a sua regularidade, ou seja, o controlo de treino pode ser periódico, realizando-se uma avaliação pontual dos atletas, ou contínuo, havendo um acompanhamento ativo dos atletas.
No Voleibol, o controlo contínuo é fundamental para a preparação para a competição, uma vez que esta tem lugar quase todas as semanas e as características dos adversários diferem bastante.
Referências Bibliográficas
Castelo, J.; Barreto, H.; Alves, F.; Santos, P.; Carvalho, J.; Vieira, J.. (2000). Metodologia do Treino Desportivo. pp. 575-608. fmh Edições.
Matvéiev, L.. (1990). O Processo de Treino Desportivo. Cultura Física. 2ª edição.
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